quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A NOSSA BIBLIOTECA


Silêncio! Estamos na nossa biblioteca! Aproxima-te. Mais, mais… Que murmúrios são estes? Ah! Consegues ouvi-los? Do cimo da prateleira onde está instalada Allende, Isabel, claro, para não quebrar a tradição, discursa:
- A Soma dos Dias está toda aqui: dramas e comédias, histórias sérias e a fingir, artes, ciências, descobertas, conhecimentos, divertimentos…
Anda, apressa-te. Ainda conseguimos ouvir, lá atrás: Os Contos de Eva Luna.É a Isabel a fantasiar. Repara, agora, um pouco mais abaixo, sim, é Saramago, acabou de saltar da Jangada de Pedra. Avança, circunspecto, no seu fato escuro e curioso, observa O Canário do Rodrigo Guedes de Carvalho. Perscruta, uma e outra vez, e questiona:
-E…canta?
-Não, está preso. É a história de um filho que não conhece o pai sendo que o contrário também é verídico. E também há um crime.
-Ah! Logo vi… Vocês jornalistas não passam sem uma boa história de crime. Fascina-vos a miséria humana. Sanguessugas. Têm muito que aprender…
Entediado, Saramago desce, devagar, até à prateleira de baixo Detém-se nos Esteiros:”Para os filhos dos homens que nunca foram meninos.”Se fosse vivo, Soeiro Pereira Gomes havia de entendê-lo. Até Primo Levi, no sossego da última prateleira, lhe dá razão: Se isto é um Homem?
Enquanto isso, Rodrigo Guedes de Carvalho, vexado com a conversa que tivera com O Homem Duplicado, dirige-se para o seu lado esquerdo, onde estão Miguel Sousa Tavares e José Rodrigues dos Santos. Rivais nas audiências, partilham o gosto pelo Alentejo, Espanha, África, Brasil…
-Rodrigo, que cara é essa?
-O Saramago! Só faltou chamar-me Todos os Nomes, tratou-me como um menino de coro. Diz que tenho muito que aprender…
-Olhem, foi por isso que Voltei à Escola.
É a voz altiva de Daniel Sampaio, da prateleira do fundo. Sobe ao encontro dos jornalistas/escritores. Por eles desliza, mansamente, O Rio das Flores. O falatório versa agora sobre a crise, o assalto x, o sequestro y, que mais logo os três repetirão nas televisões, onde um deles dirá, pela enésima vez: “…Portugal e o mundo, todos os dias”. Sampaio alerta:
-Não se esqueçam de explicar A Arte da Fuga, ainda não entendi como é que eles conseguem, como direi…safar-se.
Por cima das suas cabeças, na prateleira do meio, o António, o Lobo Antunes, espreita, ávido de uma boa conversa:
- Olhem, Eu hei-de amar uma pedra. Devaneia. A seguir aconselha Sampaio:
-Meu caro, consulte O Manual dos Inquisidores, talvez lá encontre a resposta. Para o menino de coro – acrescenta, irónico - tenho A Explicação dos pássaros. Da próxima vez terá um diálogo com Saramago mais interessante.
Lobo Antunes não gosta de multidões, recolhe-se para junto das suas Crónicas.
Do lado oposto, ouvem-se risos abafados, conversas sussurradas e loucas. É a prateleira juvenil. Alice Vieira recorda os seus tempos de menina e suspira: Rosa, minha irmã Rosa. Olha para cima, onde se encontra João Aguiar e o Bando dos Quatro:
-Se perguntarem por mim digam que voei. Despede-se, maliciosa.
Se descermos um pouco, ainda há tempo para Maria Teresa Maia Gonzalez nos dar os Recados de Mãe e percebermos os lamentos de Rosie Rushton: Ninguém gosta de mim! Ana Meireles, desconfiada, cicia: Aqui há gato. O melhor é seguirmos Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada e dar um salto até Uma ilha de sonho
Aproveita, vai às prateleiras, retira o livro que mais te agrada. Todos eles se encontram na nossa Biblioteca.
Isabel Allende ainda ecoa: contos fantásticos, histórias para pensar, livros para aprender, dicionários para consultar, manuais para estudar e poesia para sonhar…
Senta-te e desfruta a NOSSA BIBLIOTECA!
Z.C

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns!

- Ao Blog da biblioteca que entra nesta nova aventura das tecnologias.
-Pelo trabalho e vontade de melhorar a biblioteca da nossa escola.
- Ao texto aliciante e inspirador.

Rita Abecasis